Há poucos dias, uma sema para ser mais exato, lá estava eu. Sentado na primeira carteira, defronte à fiscal de prova. Os minutos não passavam e a angústia só aumentava pela espera do caderno com as questões.
O que ia acontecer ali seria a torturante busca por um emprego efetivo. Fora a estabilidade, pouco me interessava todo aquele ritual.
Caneta esferográfica preta ou azul de corpo transparente, lápis, borracha, algumas barras de cereal, uma garrafa d'água e alguns pertences lacrados em envelope próprio.
Junto de mim, uns 30 candidatos também esperançosos de uma vaga no serviço público. Nervosismo coletivo por conta de 60 questões que poderiam decidir o futuro de cada um. Muitos realmente necessitados de aprovação.
Acontece, porém, que aquela reunião era só a ponta do iceberg. Meses antes, na tela do computador ou em apostilas impressas, começava a decoreba. LDO, LOA, LRF, PPA, PPI, PQP. Aquele monte de datas, valores e prazos para guardar dentro de uma cabeça cheia de outras coisas.
"Não precisa decorar, basta entender", diziam alguns. Ora bolas, entender que o executivo tem até 31 de agosto de cada exercício para encaminhar a LOA ao legislativo. Isso não me soava bem. Mas respondia, altivo, "sim, eu entendi. Tranquilo".
Uma ova. No final, a batalha era mesmo a favor da decoreba. Cansado - exausto - daquilo tudo, sentia-me com "orelha de burro e cabeça de ET".
O desfecho dessa aventura até que não foi dos piores. Poderia ter zerado, mas consegui me classificar. No entanto, a constatação é de que o sistema de concurso público não é o processo seletivo mais adequado para contratação de funcionários.
Além de cobrar conteúdos que são dispensáveis para a investidura no cargo, os candidatos são impossibilitados de mostrar suas reais habilidades para o emprego que pleiteiam. Meritocracia, nesse caso, é a mais pura burrocracia.
Não sei qual seria o melhor sistema avaliativo. A seleção é necessária. Mas do jeito que é feita, não funciona e - aprendi isso nos meus estudos - atenta contra a dignidade humana.
Bom dia Douglas
ResponderExcluirParabéns pela iniciativa.Parabéns pelo texto.
Sistema Avaliativo, uma boa pauta.
Sucesso!
Obrigado João! Seu retorno é um incentivo.
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